sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Lenda das Almas do Lagar - Recolha do Sandro

Na Rua do Lagar, junto ao cruzamento aí existente, existe uma capelinha muito pequena, em estado de conservação muito precário. É um oratório já muito destruído, que foi mandado edificar como forma de agradecimento por uma graça concedida. O protagonista foi um tal António Quinteiro. Tinha ele o encargo de recolher os foros do Convento de Lorvão. Também era almocreve, fazendo carretos entre Lorvão e Aveiro: levava o azeite dos foros e trazia o sal e pescado em troca. Como era uso naquele tempo, o transporte limitava-se ao carro de bois.
Numa certa noite, atrelados os bois, o Quinteiro sentou-se na frente do carro, embrulhando-se no varino ou Gabão (espécie de capote de fazenda preta ou castanha abotoado à frente e com capuz). O lento sacolejar e a solidão da noite, embalaram o nosso homem que acabou por adormecer. A certa altura o varino descaiu, sendo sorvido pela roda. Acorda em sobressalto, sentindo como que uma garra a apertar-lhe a garganta, quase o deitando a baixo!
Naquele momento de aflição, lançou um grito e apegou-se às almas do Purgatório! Logo os dois bois estacaram, livrando-o de uma morte certa. Em agradecimento pela misericórdia de Deus, fez uma promessa de ali mesmo erguer umas alminhas para perpetuarem o milagre.
Durante muito tempo a capelinha foi conservada e local de oração. Hoje é apenas uma ruína.

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